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Rui no DCM

“A classe dominante tem uma política”

O Café da Manhã da TV DCM desta quinta (08/04/2021) foi mais curto por conta da entrevista concedida pelo ex-presidente Lula, no próprio DCM, logo em seguida à presença no canal do companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO. Em cerca de uma hora de conversa, Rui comentou alguns assuntos importantes que estão vigente na política nacional.

Abaixo você confere um resumo da conversa do presidente do PCO com Leandro Fortes. O programa, que tem mediação de Sara Goes, ocorre todas as quintas às 9h30.

Bolsonaro e empresários

Sobre a reunião recente de alguns empresários com Bolsonaro, sem São Paulo, Leandro Fortes caracterizou essa classe de pessoas como seres abjetos, o que foi corroborado por Rui que a definiu como “escória”. São pessoas que possuem uma posição reacionária histórica e de apoio aos piores governos. São todos, de modo geral, associados ao capital estrangeiro e não tem preocupação alguma com a população nacional. Assim como Bolsonaro, esses empresários são apoiadores de uma política de guerra contra a população. A reunião foi para acertar os ponteiros, não havendo nenhuma divergência essencial entre o governo e essa classe social, o que foi demonstrado na carta dos empresários divulgada dias atrás.

“Eles [empresários] são a base de sustentação desse governo. Se eles conseguirem apresentar outro governo, vai ser um governo bem parecido com este. Isso deve ficar bem estabelecido”.

Um participante em especial foi destacado pelo entrevistador, trata-se do médico Cláudio Lottemberg, presidente do hospital Albert Einstein. Existiria alguma contradição ideológica na relação dele com Bolsonaro, visto que o presidente da República apoia uma política nazi-fascista?

“Não acho. A posição da cúpula do empresariado judeu [não foi de apoio a] Hitler porque o Hitler era abertamente antissemita, mas, por exemplo, Mussolini eles apoiaram o tempo todo. Quer dizer, eles tem uma propensão direitista fascista. A única coisa é que o antissemitismo é uma coisa que eles, logicamente, não pode aceitar. O Bolsonaro também não manifestou nenhuma política antissemita, então eles se sentem à vontade. Não é novidade porque eles vem apoiando essa onda direitista desde o começo”.

Não podemos esquecer que existe uma parcela muito grande dos médicos que apoiou e apoia a política geral e, especificamente, a política anti-comunista de Bolsonaro. O próprio Lula não se trata no Albert Einstein, mas no Sírio-Libanês, um hospital menos ideológico. A burguesia judaica tem uma inclinação muito direitista.

Rui esclareceu uma conclusão que muitas pessoas tem sobre a burguesia e que é muito importante esclarecer: a afirmação de que, se a burguesia está ganhando dinheiro ela fica tranquila, é equivocada.

“A política da burguesia não se baseia nisso daí de uma maneira tão acentuada. Logicamente que ela quer ganhar dinheiro, se houver um governo que a faça perder dinheiro sistematicamente ela vai se livrar desse governo o mais rápido possível. Mas o problema da burguesia não é só ganhar dinheiro. Ela não é uma classe que tem objetivos puramente econômicos, ela é uma classe social, ela tem uma política, uma política nacional, uma política de curto e longo prazo, uma política internacional, e tudo isso tem que ser levado em consideração”.

PT e a relação com os capitalista

Para Rui, o PT cometeu um erro com relação a esse problema. A ideia de que se você der dinheiro para a imprensa ela irá seguir seus objetivos. Era uma ideia dentro do PT, não é fato.

“A Rede Globo não é simplesmente uma máquina de fazer dinheiro. Ela é parte da classe dominante e [essa classe] tem uma política. Não é um problema somente de ganhar dinheiro”.

Infelizmente, existe uma tendência no bloco da esquerda de aumentar a ilusão da necessidade de se aliar a essa burguesia escória para garantir a governabilidade. O problema é que a burguesia vai aceitar um governo de esquerda – mesmo assim, fraco e cheio de concessões – se a situação exigir isso dela, o que não é real no atual momento do Brasil.

A política da Dilma de colocar pessoas do mercado financeiro na Economia não fortaleceu o seu governo, pelo contrário, essa política de colaboração com a burguesia enfraqueceu o governo do PT. Uma parte da esquerda, sem juízo algum, transformou a campanha de ajuste fiscal da Dilma num eixo de ação na situação política enquanto um golpe estava em andamento. Isso se provou, ainda mais, ser uma política suicida quando o ajuste fiscal de Temer veio e deixou a política da Dilma parecendo “brincadeira de criança”.

“Acho que essas ilusões, nesse momento, tem a função de enfraquecer a luta dos setores populares contra a burguesia. A burguesia adotou uma política, não é uma política que ela adotou de uma maneira superficial, infantil. Ela adotou a política do golpe e ela não está aí para ficar indo e voltando e fazer acordo e tudo o mais. A gente se baseia e, alguns países que reverteram essa situação sem ver a especificidade desse país. Acho que para o Brasil não está colocado que a burguesia vai aceitar de boa vontade uma vitória do Lula e do PT, da esquerda pode até ser, porque tem muita esquerda frente-amplista que quer governar com o DEM e tal”.

A questão da votação sobre abrir ou fechar as igrejas e templos foi abordada por Rui não como uma questão fundamental, mas como algo menor. Uma “picuinha” e não um problema de liberdade religiosa.

“O governo proibir temporariamente as pessoas de irem à igreja não afeta a liberdade de expressão religiosa”.

Isso é politicagem para mostrar que estão fazendo alguma coisa, enquanto o isolamento social não existe de fato.

A esquerda e o fechamento das igrejas

O problema da luta da esquerda contra as igrejas evangélicas foi discutida. A abordagem de grande parte da esquerda, que comemora o fechamento das igrejas, é equivocada. Na opinião de Rui, essa política vai de encontro à grande parte da população brasileira que enxerga na religião o único meio de conseguir sobreviver diante de uma vida de muito sofrimento.

“Se você não tem uma organização política, uma organização social poderosa, a religião acaba sendo o único socorro – embora imaginário – dessa população. É um fenômeno social importantíssimo. É preciso combater, mas com as armas adequadas. Nesse caso aqui, o ângulo que foi colocado, que é truculento, na minha opinião, daqueles que se opõem às igrejas, não favorece a luta contra a religião. Ele favorece a exploração política da extrema-direita do problema religioso, essa é minha grande preocupação. E a política sempre vem em primeiro lugar”.

Rui alertou para o problema da esquerda embarcar na política da burguesia de insultar as pessoas religiosas que são a favor da abertura dos templos. A esquerda deve ter sua própria política de compreensão, de diálogo e não cair na arapuca da luta frontal e arrogante contra os evangélicos. Chamar o outro de gado e de tonto não funciona.

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