Caetano Albuquerque

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Em Debate

Eleição na Câmara: laboratório da frente ampla contra a esquerda

Laboratório para isolar Lula e colocar os setores populares a reboque de seus algozes

A virada de 2020 para 2021 chegou, mas as polêmicas da situação política continuam. O debate do momento gira em torno da política para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados. A esquerda parlamentar decidiu aderir ao bloco liderado por Rodrigo Maia (DEM), atual presidente da Câmara, que lançou Baleia Rossi (MDB-SP) como seu sucessor.

A justificativa para a aliança com a direita golpista é que o bloco de Maia ajudaria a fortalecer a oposição a Bolsonaro.

Os acontecimentos na Câmara estão servindo como uma espécie de laboratório para a frente ampla no País. Isso significa dizer que essa é a aliança entre a direita e a esquerda ideal para os defensores da frente ampla. Escara que se trata essencialmente de uma manobra golpista, direitista e que tem como objetivo colocar a esquerda a reboque da direita.

Tudo isso, como está acontecendo, sob o pretexto de que seria um fortalecimento da oposição a Bolsonaro.

Nada de oposição

O primeiro erro dessa política é considerar Rodrigo Maia, Baleia Rossi, ou dito de maneira mais ampla, o PSDB, o DEM, o MDB, a Globo, Estadão e Folha como sendo oposição a Bolsonaro.

Rodrigo Maia é presidente da Câmara desde 2016, portanto desde o golpe e portanto esteve à frente da Casa durante os dois anos de governo Bolsonaro. É óbvio que Maia é o homem de confiança do golpe. Seu papel é garantir um certo controle do Congresso de acordo com os interesses dos golpistas..

Contudo, Maia não é qualquer representante do golpe. Maia é o representante do setor mais poderoso da burguesia golpista, que, embora seja mais poderoso, atravessa uma crise aguda. Essa crise é parte da crise do próprio regime político de conjunto, que arrasta consigo os principais partidos deste regime. A polarização política do País é sintoma da crise, o que acabou gerando a vitória, nas eleições, depois de todo o esforço para tirar Lula da jogada, de um elemento da extrema-direita que não é um personagem 100% da confiança desse setor mais poderoso da burguesia. Tal situação obrigou toda a burguesia a apoiar Bolsonaro, mesmo este não sendo seu nome ideal.

Maia, portanto, não é oposição a Bolsonaro. Maia é um dos instrumentos que a burguesia encontrou para controlar Bolsonaro de acordo com os interesses do golpe. As contradições existentes entre Maia – mas podemos acrescentar a direita tradicional em geral – e o bolsonarismo não devem ser entendidas como uma contradição fundamental. Sem exagero, a diferença de Maia para Bolsonaro, além do discurso extravagante deste último, está em que Maia e sua turma defendem que a dura e criminosa política de ataques ao povo seja levada de maneira mais decidida e organizada.

Por fim, bastaria afirmar que Maia colocou em votação na Câmara os principais projetos contra o povo, ao mesmo tempo que impediu que os quase 60 pedidos de impeachment de Bolsonaro fossem sequer para avaliação no plenário.

Uma manobra para anular a esquerda

O PCO vem analisando desde o início que o objetivo da frente ampla não é constituir um bloco de oposição a Bolsonaro. Esta é apenas a justificativa demagógica dos aliados de Bolsonaro para convencer os incautos da esquerda de que seria preciso se juntar à frente ampla. O objetivo real é isolar Lula e assim anular a esquerda eleitoralmente.

Lula é o único político popular do País. Sua presença nas eleições faz com que a balança eleitoral penda para os extremos entre Lula na esquerda e Bolsonaro na direita. Essa situação inviabiliza a  tentativa da direita tradicional de emplacar uma candidatura própria, ou seja, uma candidatura que seja a legítima representante do regime político golpista.

A frente ampla visa isolar Lula, impedindo que ele seja candidato, e fazer a esquerda ficar a reboque da direita em um bloco formado com a justificativa de que seria uma oposição a Bolsonaro. A esquerda perde assim toda a sua independência, tanto política quanto eleitoral, e se anula. Por outro lado, os votos da esquerda, que na realidade são os votos de Lula e do PT, são direcionados para o apoio à frente ampla, ou seja, à direita.

Estamos diante de um estelionato eleitoral.

Basta acompanhar o que está acontecendo nesse momento na Câmara para notar que a manobra é muito parecida.

Forma-se um bloco direitista, apresenta o bloco como sendo de oposição, convence a esquerda de que se deve apoiar essa direita em nome de que seria uma luta contra Bolsonaro, arrasta a esquerda para o bloco, o que significa que ela abre mão de qualquer independência e se anula como força política. O PT inclusive abre mão do fato de ser a maior bancada da Câmara para se juntar ao bloco golpista.

Esse é o laboratório da frente ampla. Não à toa, Rodrigo Maia afirmou em entrevista à Folha que esses partidos podem estar juntos em 2022.

Com o que está se passando na Câmara, a esquerda dá mais um passo no sentido de sua própria anulação como força eleitoral nas eleições presidenciais. Por isso, lutar contra o golpe é também lutar contra a manobra da frente ampla e denunciar os setores da esquerda que estão embarcando aí. A política para derrotar o golpe é lutar pelos direitos políticos de Lula e por sua candidatura, capaz de colocar em xeque o regime golpista.

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