A 46ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária terá início nesta terça-feira (5). Nesta edição, o fenômeno do stalinismo, que marcou a história do século XX, será colocado sob uma análise marxista.
O companheiro Rui Costa Pimenta desmontará os mitos políticos que existem sobre o stalinismo. A esquerda faz uma série de confusões sobre a questão, na medida em que não analisa o desenvolvimento histórico sob a base do materialismo histórico. Os “stalinistas” de hoje, órfãos da extinta burocracia stalinista da União Soviética, se dedicam a promover um verdadeiro culto à imagem e personalidade de Stálin.
As confusões sobre o stalinismo são um problema para o ativismo de esquerda, pois associar o socialismo com o stalinismo serve somente para gerar desilusão e descrença na luta revolucionária. Afinal, o regime socialista, um novo patamar na civilização humana, nada tem a ver com uma ditadura de tipo totalitária, onde uma burocracia todo-poderosa exerce um despotismo absoluto e irresponsável sobre as massas trabalhadoras. O socialismo é a libertação das massas, não seu aprisionamento. O Estado deve começar a definhar e não se tornar um poder absoluto, sem qualquer controle social.
Cinco mitos sobre o stalinismo serão esmiuçados pela análise marxista de Rui Costa.
1.Stálin: o grande revolucionário?
Diferentemente do que apregoam setores da esquerda, Stálin nunca foi um revolucionário de destaque dentro do Partido Bolchevique. Exerceu sempre um papel secundário. Na revolução de 1917, enquanto havia assembleias de massas e atos nas ruas, Stálin se manteve à margem dos acontecimentos. Trotsky assinala que via Stálin na sede dos bolcheviques, como um militante sem muita importância.
2. Stálin como o “Pai dos Povos”?
A esquerda diz que Stálin contribuiu para as revoluções. Esta afirmação não resiste a uma análise histórica minimamente séria. Pelo contrário, a burocracia stalinista atuou para impedir as revoluções em todos os lugares do mundo. As derrotas da greve geral inglesa, revolução chinesa e alemã na década de 1920 foram resultados diretos da política stalinista.
Não à toa que Trotsky apelidou Stálin de “o grande organizador de derrotas”.
3. Stálin derrotou o nazismo?
A derrota do nazismo se deu apesar da política capituladora e conciliatória da burocracia stalinista. A ascensão de Hitler ao poder na década de 1930 contou com a contribuição decisiva da burocracia da URSS que dominava a III Internacional. O stalinismo acreditava que a social-democracia deveria ser combatida em primeiro plano, não os fascistas. A teoria do “social-fascismo” fez com que os partidos comunistas tivessem uma política errada, não enxergassem o inimigo principal, o que permitiu que Hitler chegasse ao poder sem luta.
Quando Hitler rompe o pacto Molotov-Ribbentrop e põe suas tropas para invadir a URSS, Stálin não acredita e ignora todos os alertas. Isso permite que os alemães avancem pelo território soviético praticamente sem resistência. A mobilização revolucionária das massas soviéticas, em um esforço heroico para expulsar o invasor, foi o responsável pela derrota dos nazistas. O stalinismo havia capitulado frente ao nazistas e participado da invasão da Polônia em conjunto.
A política econômica da burocracia que levou a uma guerra civil com os camponeses, as perseguições políticas e os expurgos dos revolucionários debilitaram as defesas da URSS.
4. Stalin era um “marxista raiz”?
Os stalinistas costumam dizer que seu líder foi um “marxista raiz”, continuador da teoria marxista ao lado de Marx, Engels e Lênin. É difícil imaginar uma falsificação mais grosseira do que essa.
Stálin subverteu totalmente o marxismo. Além disso, a burocracia stalinista expropriou o Partido Bolchevique, o partido mais revolucionário que a história já conheceu, de sua carne e seu sangue, a doutrina marxista. O aparelho político-partidário existia em função da teoria, mas Stálin o transformou em um fim em si mesmo.
Trosky afirma que a social-democracia revisou o marxismo com a pena. Já Stálin o revisou com as botas da GPU, a polícia política que se tornou o principal instrumento de terror contra a classe operária e os oposicionistas.
É de se destacar que a burocracia stalinista organizou uma fraude judiciária que resultou no extermínio da velha guarda da Revolução de Outubro. Esse foi o sentido dos Processos de Moscou.
5. O grande intelectual marxista?
No plano teórico, Stálin era uma verdadeira nulidade. Suas obras são medíocres, sem profundidade e sem as características marcantes dos principais dirigentes bolcheviques.Seus livros poderiam ter sido escritos por qualquer dirigente de importância regional do Partido Bolchevique.
O esclarecimento político sobre a mitologia política que cerca o problema do stalinismo é uma importante tarefa a ser cumprida neste momento.A 46ª Universidade de Férias do PCO pretende contribuir para o esclarecimento de amplos setores do ativismo de esquerda.
Inscreva-se e participe! https://universidademarxista.pco.org.br/